Empresas de Games Online: Cúmplices Silenciosas de Crimes Digitais?

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O universo dos jogos online, que deveria ser um espaço de entretenimento e socialização, tem se tornado palco para a prática de diversos crimes digitais. Ameaças de morte, estupro, racismo, homofobia e misoginia são apenas algumas das violações que ocorrem rotineiramente nesses ambientes virtuais. Apesar de as empresas responsáveis por essas plataformas possuírem os meios para identificar os infratores, muitas vezes limitam-se a punições administrativas, como a suspensão ou exclusão de contas, sem acionar as autoridades competentes.​

A Gravidade dos Crimes Digitais nos Games

Estudos recentes revelam a extensão do problema. Uma pesquisa conduzida pela jornalista Mickey Carroll, publicada pela Sky News, destacou que 66% das jogadoras enfrentam abusos em jogos virtuais, incluindo ameaças de violência física e sexual. Além disso, 20% das entrevistadas relataram evitar jogar online devido ao medo de assédio .​

Outro estudo da University of South Australia apontou que 96% dos jogadores de videogame de 14 países disseram ter sido alvo de ataques online no ano anterior, com mulheres e jogadores profissionais de e-sports sendo os alvos mais comuns de abuso .

Legislação Brasileira e a Responsabilidade das Empresas

No Brasil, a Lei 14.811/2024 criminaliza o cyberbullying, incluindo intimidações cometidas em jogos online. A pena para o cyberbullying pode chegar a 4 anos de prisão . Além disso, a Lei Carolina Dieckmann (Lei 12.737/2012) tipifica delitos informáticos, como a invasão de dispositivos e a divulgação não autorizada de dados pessoais .​

Apesar dessas legislações, muitas empresas de jogos online não acionam as autoridades mesmo quando têm conhecimento de crimes cometidos em suas plataformas. Essa omissão levanta questionamentos sobre a responsabilidade legal dessas empresas e se elas estariam, de certa forma, protegendo os criminosos.​

Casos que Evidenciam a Falta de Ação

O “Caso Discord” é um exemplo emblemático. No início dos anos 2020, um grupo de homens e meninos entre 14 e 20 anos cometeu uma série de crimes, como ameaças, incentivo à mutilação, maus-tratos a animais, pornografia infantil e estupros, utilizando a plataforma Discord. As vítimas eram preferencialmente adolescentes do sexo feminino. O caso só ganhou repercussão após ser exibido na mídia, evidenciando a falta de ação preventiva por parte da plataforma .​

A Necessidade de uma Responsabilização Mais Rigorosa

Diante desse cenário, é imperativo que as empresas de jogos online adotem medidas mais eficazes para combater os crimes digitais em suas plataformas. Isso inclui não apenas a suspensão ou exclusão de contas, mas também o acionamento das autoridades competentes quando houver indícios de crimes.​

Além disso, é fundamental que essas empresas invistam em sistemas de monitoramento e denúncia mais eficientes, bem como em campanhas de conscientização sobre o comportamento adequado nos ambientes virtuais.

A omissão das empresas de jogos online diante de crimes digitais cometidos em suas plataformas contribui para a perpetuação da impunidade e coloca em risco a segurança de milhões de usuários. É necessário que essas empresas assumam sua responsabilidade e ajam de forma proativa para garantir um ambiente virtual seguro e respeitoso para todos.

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